Segredos do Iwagumi

 

O Iwagumi é a técnica mais admirada dentro do universo Nature Aquarium, se não seu próprio âmago, mas também e de longe a menos compreendida. Eventualmente a ADA publica em suas revistas guias e artigos elucidativos da técnica, infelizmente a maioria destes textos passa em branco para os ocidentais, uma vez que raramente são traduzidos para outras línguas.

Este post não tem pretensão de ser nenhum guia ilustrado, apenas pretendo jogar um pouco de luz sobre o assunto, principalmente para quem está começando e acha que Iwagumi é um bicho de 12 cabeças, não é não! São só 7. 

O Iwagumi, grosso modo, é um conjunto de pedras organizados segundo alguns princípios estéticos, este conjunto tem  por fim criar uma atmosfera equilibrada, as vezes dramática, que acrescente valor a composição do layout. Como vários outros aspectos do Nature Aquarium, o Iwagumi é baseado na observação da natureza, onde cada elemento respeita as leis naturais que compõem qualquer paisagem em qualquer lugar do mundo. 

Um Iwagumi precisa seguir alguns parâmetros, entre eles:

  • Sintonia do conjunto: As rochas precisam ter padrão, cor e textura similares. Pedras de cores, textura e padrões diferentes causam desarmonia.
  • Equilíbrio: Com raríssimas excessões encontramos pedras na natureza em situações que desafiem as leis da física, ou seja, as pedras tendem naturalmente a estar bem apoiadas no substrato. O centro de gravidade das pedras deve ser sempre o mais baixo possível, isso cria uma sensação de peso e firmeza que será notada no conjunto. Por isso evite inclinações acentuadas e improváveis.
  • Proporcionalidade: Pedras grandes apenas não montam um bom conjunto, nem somente pedras pequenas. Um mix de pedras de vários tamanhos, desde que respeitada a sintonia entre eles, será adequado para a criação do seu layout. Observe a natureza, grandes pedras, apoiadas em pedras menores e pequenos pedregulhos em volta.
Uma vez tendo em mente estes princípios podemos nos voltar a elaboração do layout posicionando as pedras, mas até aqui temos mais alguns princípios a seguir.

O conjunto acima é um exemplo clássico de Iwagumi, inclusive a imagem é do guia da própria ADA. Todos os elementos principais da técnica estão representados, vou tentar apresenta-los. Todo Iwagumi começa com seu elemento principal, aquele que será o ponto focal do conjunto, geralmente o maior elemento da composição. A Pedra Principal [1], na imagem acima, está estrategicamente disposta no ponto focal do aquário, este ponto é facilmente determinado dividindo-se o comprimento do aquário por 2,618, o resultado desta divisão será o ponto onde deveremos posicionar o elemento principal. A forma como esta pedra é posicionada, assim como a sua inclinação, definem muito do que será o layout. O Conjunto é balanceado por duas pedras laterais, a primeira grande Pedra Lateral [2] é  posicionada em oposição a pedra principal, sendo complemente pela segunda Pedra Lateral [3] que dá balanceamento a composição ao compor uma tríade com as outras duas pedras. A tríade é uma composição estética clássica. Para finalizar suavemente a composição são usadas duas outras pedras menores, as Pedras de Suporte [4,5] que dão suporte as pedras laterais, criando assim uma atmosfera de naturalidade.

E é assim que nasce um Iwagumi, todos os demais arranjos são implementações destes mesmos princípios básicos, imaginação, treino e perseverança ajudam.

Espero ter contribuído um pouco para dissipar um pouco a névoa que paira sobre o assunto, e quem sabe encorajar a algum leitor a enfrentar este delicioso desafio. Boas montagens!